05 outubro, 2009

Tinha sinceras dúvidas quanto à eficácia da escrita. E de toda palavra. Mas sempre as usava, assim mesmo, na esperança de que alguma surgisse, clara e eficaz, organizando o sentido das coisas. E das coisas só se sabe o que delas causa encanto. Ou medo. E com tudo seria assim, a plenitude de um tédio descrente das novidades que sempre surgiriam, antigas em sua repetição e revelia. E o olhar estrábico, que se deixa levar por qualquer brilho, qualquer rastro luminoso em céu poluído, sente o peso de tempestade em deserto e recorda o apreço pelo que brota, como o girassol na beira de estrada, também na escrito daquele percurso. Sem perspectivas de sobrevivência e sem rumo, sem escolha, terreno ou momento. A duração de uma vontade de sol, mesmo em aconchego de terra e que rompe, como o sido, semente, terra e superfície, fissura e dá passagem. À escrita deve respeito quem a sabe tal qual essa vida, forte e determinada. O suficiente.

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Cores para noites sem lua