31 maio, 2010

E me cumprindo, girando, sol, raio em um novo lugar. E se sou outra, guardo em mim o começo e o caminho percorrido, abraços e sorrisos, amigos e encontros. Alguns desencontros nos lembram de nos afinar com quem somos. Buscamos o outro porque sempre buscamos p nós mesmos e é sempre a mão do outro que nos tira de dentro de nós. E todo carinho dói por provocar uma reação. Nascidos em um dia branco e de chuva. Um dia de paz apesar dos conflitos. Dia de cães e de gatos, de sapos e de vivos, todos buscando alcatéia. Amo um homem que se deita ao meu lado e que é metade de mim. A outra metade. Um dia de sacrifícios em que evitei seus olhos, a fresta em que, distraída me vi e onde me prendi. E por isso lhe dei água e mangas e o afagava, me consolando por sua sorte, que não lamento, como não lamentarei a minha. Sempre comi a carne dos outros sem me sujar e hoje me visto de branco para ver em mim sangue e barro. E porque os vi vivos sei de sua morte, participo dela e os como, para que participem de minha vida. É preciso poder confiar na mão que segura o punhal. E eu, pequena e carente que sou, antes da confiança encontrei a força e a ambiciono. Mais que força, a força da doçura dos olhos em que me vi. A doçura das sementes e da vida, cultivada por sete anos, desde que se principie. De sete em sete. A doçura de se dar e ser para que a força de nosso mundo, tão antigo quanto o barro que tenho nas saias, continue sendo. Que haja em mim a doçura de um coração pulsando, com vida, a fonte de amor que se fez céu e mar, começo e mãe de tudo. Choro por gratidão e respeito pela vida de tudo o que sou feita e fluo, água salgada que sou e serei, mesmo quando doce em direção ao mar. A mar. Amar. Odoiá.

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