01 maio, 2010

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Na dúvida, foi ao concerto. Venceu o pressentimento de que ele estaria lá e que ela o abraçaria, do mesmo modo com que seus olhos haviam se abraçado quando se cruzaram por aquele corredor. Também iria por saber que o encontro aconteceria na praça, ao público. E em todas as estações, é este o lugar dos livres, dos que dela não fazem distinta dama de palácios, alimentada por novelas e noticiários. Era daqueles que a tomavam nos braços, porque se outro nome pudesse lhe ser dado, seria Rita. E lhe fungariam o cangote, a possuindo pelo nariz. E quem, em nome de qualquer ciência ou crença poderia julgar o entender de outro homem? Nas praças, as pessoas não temem dizer ou pensar, principalmente quando há grama e fontes. E qual foi mesmo a reforma feita? Quanto custaria a cada um ser cidadão? Desde o primeiro passo dado adiante daquele lugar em que era, seria só mais um estranho num mundo de estranhos, todos iguais. Feitos nas trocas, te dou um pedaço de mim por um pouco de você. Muito pouco. Argentinos de diversas nacionalidades, e liberdades, como uma Cimara, tocavam em mim um acordeom de avó, músicas que embalaram os apocalipses de todas as mortes de quem viveu os anos 80. O mundo se acabaria na garganta de um berimbau. E agora, era o gemido de um celo, até então um violão de quadris mais largos que alargava a alma e se tornava, wikepedianamente, música, zelo, o mesmo, céu. E a língua que se estendia do acordeom lambia coxas e apertava a nuca, dizendo seu nome em esloveno, espanhol, esperanto, galego e na interlíngua com que se dizem o céu das bocas.

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Cores para noites sem lua