30 abril, 2009

Aconteceu quando não se espera nada. O presidiário buscando conforto melhor, como a vaca sobre o telhado, o homem vendendo a alma por falta de uso ou as lavadeiras no rio, cantando. Também chegado dele, algumas novidades. Mas o sabor era como sentir, no decorrer da vida, a compreensão do que é o pimentão. Pela boca. As cebolas ainda seriam aquele maldito chá. A faca nas mãos. A busca canta para que o espírito não se canse em definitvo deste mundo que é o ordinário das coisas. Os pés de limão. Brotou junto um certo apreço pela arte das limonadas. Com pouco açúcar, para não esquecer do que é.

25 abril, 2009

Miguel

E esta escrita, destinada, como as outras, ao esquecimento, é só uma vontade de dizer. Que a bebida que me vai melhor é essa, sanguínea, da qual, sendo o que for, busco a embriaguez. Faz calor, mas sinto o frio de dizer que deveria ter dito para que viesse. Tarde se faz o tempo todo e todas as coisas foram feitas no tempo preenchido, passado vazio de sua presença, quem poderia me dizer que hora é agora. Não sabido se ainda é ontem ou se já amanhã, guardando o hoje, com você, presente.

24 abril, 2009

Agora há essa noite que me ilumina. E a neblina que me faz ver. Em frente à árvore que me mora há um nutrido arbusto, defronte das janelas iluminadas e dos outros dois, em cuja direção seguia, estranhamente desalinhado e, mais adiante, na direção do onde vim, um suspeito grupo de células. Pessoas? Parecem coisas vivas. Não tão vivas quanto as coisas que se olham, mas vivas. Tão vivas quanto esses objetos de conter e vazar escritas que falam. Dizem. Essas coisas que ninguém entende. Mas, e a sensação? E o que fazer com esse vôo do que mata para fazer viver? Ouço o pio das pequenas e famintas corujas. E que canto é esse, tão diverso dos bichos do mar e das outras aves, libertadas de suas gaiolas por terem fome e sede? () De céu. Diverso por tanta boca se dizer e meu verso, por não se guardar como todo o resto, se evadindo de mim, me deixando pelo caminho e me acompanhando. Essas coisas esvoaçantes e gasosas, ácidas e com o cheiro do que se digere. Todos os cadáveres que nos alimentam. Palavras.

18 abril, 2009

Concluindo

O difícil dessa vontade de entender é a preguiça de chegar às conclusões. Espero que venham até mim, como chegou a de que o esquecimento tomou lugar. Ou o vinho ou o cigarro que me alimenta. Talvez faltem os passos e o silêncio à memória que aguarda, como os mortos, a ressurreição. O que julgo importante não permanece. Só permanece a inconstância, a companheira do entendimento desde o sempre. Nada é. Tudo foi. E me quedo ( ), ( ) abismada. E nas ranhuras de ser penso se é subida ou descida o esforço do deslocamento. Hoje fui apresentada, por uma amiga, a um homem que já conhecia, de nome e porque também vivi, e que agora devoro porque a voz grita mesmo em silêncio e o melhor é deixar que cante. E percebo que, no mais de longe de mim que vislumbrei aos cinco anos, é o cigarro que tenho nas mãos e a taça de que bebo. A solidão é a mesma que já era companhia e, os homens que me acompanham, permanecem dizendo em silêncio essas coisas que sei de mim. E então entendo o temor de que sou tomada a cada vez que em minhas mãos vejo letras porque por nascimento habito os cemitérios e entre os que são só reflexo de um sido e de um provável. Porque nunca me conformei com o seu silêncio diante de tudo o que sempre tive para dizer. Você viu? É isso mesmo? Assim mesmo? E todo dito em suas mãos, aos pedaços. Choro. E o que mais poderia fazer se sou água? Se me dilui no que é habitável, o que gera e que faz de toda submersão um desconforto porque a pele já conheceu a temperatura e a fluidez ideal de ser? Choro. Os olhos secretam as palavras que engulo. Ainda. Porque era sempre o seu silêncio que me respondia e que faziam o meu olhar aflito buscar o seu e partilhar verdadeiramente a dor que é viver. Ilhas. Se irmanar ao ponto de que nada mais se faça necessário ( ) existir. E por isso é preciso odiar. Porque a ninguém é dado amar demais. Mas restarão os sonhos e as conclusões ( ) .

04 abril, 2009

Brincando com Um Som

Gostaria de o ter conhecido aos 3 anos de idade. E por isso fui ponte, porque cri não haver mal algum em que as pessoas sejam encantadoras. O olhar lúcido e leve explicando o mundo, esse só isso mesmo com tudo isso dentro. Ambiciono o desumano e faço reformas nas grafias das coisas.

Cores para noites sem lua