18 abril, 2009

Concluindo

O difícil dessa vontade de entender é a preguiça de chegar às conclusões. Espero que venham até mim, como chegou a de que o esquecimento tomou lugar. Ou o vinho ou o cigarro que me alimenta. Talvez faltem os passos e o silêncio à memória que aguarda, como os mortos, a ressurreição. O que julgo importante não permanece. Só permanece a inconstância, a companheira do entendimento desde o sempre. Nada é. Tudo foi. E me quedo ( ), ( ) abismada. E nas ranhuras de ser penso se é subida ou descida o esforço do deslocamento. Hoje fui apresentada, por uma amiga, a um homem que já conhecia, de nome e porque também vivi, e que agora devoro porque a voz grita mesmo em silêncio e o melhor é deixar que cante. E percebo que, no mais de longe de mim que vislumbrei aos cinco anos, é o cigarro que tenho nas mãos e a taça de que bebo. A solidão é a mesma que já era companhia e, os homens que me acompanham, permanecem dizendo em silêncio essas coisas que sei de mim. E então entendo o temor de que sou tomada a cada vez que em minhas mãos vejo letras porque por nascimento habito os cemitérios e entre os que são só reflexo de um sido e de um provável. Porque nunca me conformei com o seu silêncio diante de tudo o que sempre tive para dizer. Você viu? É isso mesmo? Assim mesmo? E todo dito em suas mãos, aos pedaços. Choro. E o que mais poderia fazer se sou água? Se me dilui no que é habitável, o que gera e que faz de toda submersão um desconforto porque a pele já conheceu a temperatura e a fluidez ideal de ser? Choro. Os olhos secretam as palavras que engulo. Ainda. Porque era sempre o seu silêncio que me respondia e que faziam o meu olhar aflito buscar o seu e partilhar verdadeiramente a dor que é viver. Ilhas. Se irmanar ao ponto de que nada mais se faça necessário ( ) existir. E por isso é preciso odiar. Porque a ninguém é dado amar demais. Mas restarão os sonhos e as conclusões ( ) .

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