24 abril, 2008

Frutífera

As frutas apavoram quem muito de perto conviveu com elas. Conhecendo bem os morangos se sabe os desejos que despertam pelo nariz. Das ameixas, se sabe Insã e Xunim, trazidos pelos morcegos, e das goiabas, o que vive e se move por dentro. As jabuticabas trazem as longas esperas da vida e, as bananas, essas coisas corriqueiras do dia-a-dia que não pedem muita atenção. As maçãs e os figos, dependendo da terra, são miúdos e improváveis, como gosto do que não se pode ter. Os limoeiros são flores e um cheiro. E uma necessidade de espinhos pontiagudos. Amoras são tintas. E ainda me mancham corpo e papel. E por tanta intimidade o temor do gosto de todas elas. O arrebatamento, peixe fisgado de anzol. Um tempo de não saber ser só. Um gosto de infância.

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Cores para noites sem lua