04 julho, 2009

Luís Alberto

Eram como ele os homens que foram amados. A suavidade da voz revestia os olhos e o que por eles entrasse. Um quadro fixado ao teto e os corredores longos, cinzas, guardando jardins, pedindo por poesia. Em mendicância foi buscado e as palavras escritas naquele papel mostraram o quanto havia se afastado do humano. Linguagem de humanos? E qual não teria sido por eles inventada? A que usavam para declarar suas paixões e suas mortes? Que pena, é o que diriam. E sim, eram penas, penas, que a mulher de língua enrolada e muda transformou em plumas, em aves, sobrevoando água em busca de alimento. E no mergulho, submerso, o canto. Não, não era humano o peixe que voava em sua direção e dizia com seus olhos úmidos que de tudo bastam alguns instantes. E no seguinte estava ali, aquela janela em forma de poema por onde começaram a vislumbrar o espaço. Veio dele o entendimento da nocividade do feminino e de suas pontas, o ângulo a mais que seria buscado pelo masculino à caminho da circunferência.

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