27 maio, 2009

Nesse mundo, que agora habito, havia uma fresta, um feixe de luz por que agora vejo. E por essa fresta pude ver meus olhos e saber quem sou. E vi. A convicção de um autor à mercê do ponto final. E, entre as escolhas que faço, a minha frágil, a minha volátil vontade. A fresta. Esse ínfimo espaço pelo qual me vejo, porque, o outro, o outro, é tão pouco de mim. E sou. E eu e o outro é, entre tudo o que vive e respira, o que mais respeito. Porque sei de meu esforço, ao saber, aos 4 anos de idade, o que era o desejo da, devidamente adiada, morte. Para que não tivesse que viver. E por longas décadas seria só o cadáver convidado á vida. O perecível de se ser. O viés por que foi guardado o seio materno e a leveza do flutuar no fazer de si mesmo. O se saber em gestação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cores para noites sem lua